Era uma fria madrugada em 22 de junho de 1972. Um calafrio percorria minhas entranhas ao olhar para baixo e contemplar as minúsculas copas das árvores há pelo menos três quilômetros abaixo dos meus pés. Meu amigo não acreditava que pudéssemos estar à beira de um precipício tão alto e assustador. Os paredões rochosos expunham suas deformidades pontiagudas ao longo da encosta, ameaçadores, como que a esperar o momento de rasgar nossos corpos. Ele escondia-se atrás de mim dizendo que não conseguiria pular.
Eu tinha certeza que, se pulássemos, sairíamos num rasante espetacular por sobre a copa das árvores. Tanto mais eu insistia, mais ele negava-se a pular.
Determinado a saltar, num impulso eu disse: Sobe em minhas costas e agarre meu pescoço que eu garanto que vamos sair vivos dessa. Carlinhos simplesmente não acreditava no que acabava de ouvir. Era um proposta muito louca. Aquilo não estava acontecendo.
Finalmente, depois de muita insistência da minha parte, Carlinhos concordou em pular agarrado em minhas costas. Apavorado,mas concordou. Eu tremia, não de medo, mas de emoção. A adrenalina era liberada em meu cérebro como uma cachoeira que percorria todas as minhas vaias, e espalhava-se por todo o meu corpo. Parecia que eu estava usando uma droga muito poderosa, porém era apenas um sonho. O último de uma longa série de sonhos que precederam essa aventura espetacular.
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